"Depois de mim, este miserável
quarto de pensão, quantos não abrigará?
Os olhos se arrastam pelas coisas,
como os de quem, do limiar da morte,
olha pela última vez o mundo de que se
desgarra.
Os parcos móveis não me explicam;
esses cubos de concreto que compõem a cidade
não me explicam;
a lua, distante e neutra, as estrelas
omissas em sua intangibilidade
não me explicam.
Mas porque dessa coisa indefinida
e indócil e fechada que sou
vem esta vaga esperança
de me explicar a mim,
não me suicido,
por hoje.
permitido pelo poeta Waldo Motta para a obra 2008
(da obra: Transpaixão, 2009, EDUFES)
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