sexta-feira, 8 de maio de 2009

A Hora Adiada

"Depois de mim, este miserável

quarto de pensão, quantos não abrigará?

Os olhos se arrastam pelas coisas,

como os de quem, do limiar da morte,

olha pela última vez o mundo de que se

desgarra.

Os parcos móveis não me explicam;

esses cubos de concreto que compõem a cidade

não me explicam;

a lua, distante e neutra, as estrelas

omissas em sua intangibilidade

não me explicam.

Mas porque dessa coisa indefinida

e indócil e fechada que sou

vem esta vaga esperança

de me explicar a mim,

não me suicido,

por hoje.

permitido pelo poeta Waldo Motta para a obra 2008

(da obra: Transpaixão, 2009, EDUFES)

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